Violência Doméstica e Vitimologia

Análise do ciclo de violência à luz das questões de gênero

Autores/as

Palabras clave:

Vitimologia Feminista; Ciclo de Violência; Interseccionalidade; Violência Doméstica.

Resumen

A presente pesquisa aborda um problema estrutural que vitimiza mulheres brasileiras, sendo erroneamente interpretado como uma questão jurídica. O trabalho discute os ciclos de violência que a vítima de violência doméstica está submetida, sendo analisado a partir de perspectiva vitimológica e interseccional, por considerar que a violência doméstica acontece, normalmente, no ambiente íntimo, e em decorrência desse fator, a vítima não consegue identificar que está imersa num ciclo e tampouco denuncia seu agressor. O ciclo de violência será analisado com base na Teoria do Ciclo de Violência feito pela psicóloga Lenore Walker, que o dividiu em três fases: momento de tensão, momento da agressão e lua de mel. Dessa forma, o problema da pesquisa é a seguinte questão: de que forma, além do direito positivado, é possível auxiliar as mulheres saírem do ciclo de violência? O objetivo do trabalho é demonstrar o ciclo de violência sob uma perspectiva interseccional para apontar a ineficácia do Direito em solucionar tal problema. A metodologia utilizada será a dedutiva partindo da premissa geral de que a violência doméstica é um problema estrutural, para a premissa específica, de que apenas o direito não auxilia a vítima sair do ciclo de violência, sendo necessária uma rede de apoio além da esfera jurídica. Por fim, conclui-se que que tratar a violência doméstica como uma questão estritamente jurídica não soluciona o problema visto que o enfrentamento não implica apenas no atendimento jurídico.

Biografía del autor/a

Vitória Aguiar Silva, Universidade Estadual do Norte do Paraná

Mestranda em Ciência Jurídica pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (2023-2024). Bacharela em Direito pela Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Atualmente é Bolsista de Pós-Graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Integrante do Laboratório de Pesquisa em Teorias Constitucionais e Políticas (CPOL/LAB) e do Grupo de Pesquisa Direito, Arte e Vulnerabilidades (DAV/UENP), ambos vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Jurídica da UENP. Foi estagiária de Direito do Projeto de Extensão Núcleo Maria da Penha/UENP (2021-2022), Monitora do Núcleo de Prática Jurídica da Universidade Estadual do Norte do Paraná (2020), e servidora voluntária do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná no Juizado Especial Cível da Comarca de Jacarezinho (2018-2019). Foi bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, financiado pela Fundação Araucária e CNPQ, nos anos de 2018 e 2019. Pesquisadora com ênfase em Gênero, Feminismos, Criminologia, Vitimologia e Interdisciplinaridade.

Maurício Gonçalves Saliba, Universidade Estadual do Norte do Paraná

Possui graduação em HISTÓRIA pela UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANA - UENP; ESPECIALISTA em História Social - Universidade do Sagrado Coração - USC- Bauru-SP; MESTRADO em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP (2002); DOUTORADO em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP (2006). Atualmente é professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP; professor e orientador do curso de Mestrado e doutorado em Ciências Jurídicas da Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP; Vice coordenador do colegiado de Pedagogia da Universidade Estacual do Norte do Paraná - UENP de 2021 a 2023; Coordeenador do Grupo de pesquisa: GLOBALIZAÇÃO, VIOLÊNCIA E MINORIAS da Universidade Estacual do Norte do Paraná-UENP; professor na Cooperativa de Ensino Cólegio Pólis de Ourinhos, na disciplina de filosofia e sociologia. Experiência na área de História da educação; filosofia geral e da educação; Sociologia geral, jurídica e da educação, com ênfase em violência e agressividade; Autor do livro: "O olho do poder: Análise Crítica da proposta educativa do Estatuto da Criança e do Adolescente", diversos capítulos de livros e artigos na área

Citas

AMORIM, Paula Silveira. Violência doméstica e a revitimização durante a elaboração do inquérito policial. 2020. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/87072/violenciadomestica-e-a-revitimizacao-durante-a-elaboracao-do-inquerito-policial. Acesso em: 11 mar 2024.

ANDRADE, Andressa Paula de; CARVALHO, Érika Mendes de. A revitimização nos crimes sexuais cometidos contra mulheres por um sistema penal menos machista. In: SANTOS, Michele Karen (org.). Criminologia Feminista no Brasil: diálogos com Soraia da Rosa Mendes. São Paulo: Editora Blimunda, 2020, p. 137-154.

BERISTAIN, Antonio. Nova Criminologia à luz do Direito Penal e da Vitimologia. Trad. Cândido Furtado Maia Neto. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2000.

BESTER, Gisela Maria; BOZZA, Fábio da Silva; PINTO, Bonfim Santana. Em tempo de culturas do estupro e da violência, o aceno à cultura da paz: um corte transversal nos estudos da violência de gênero sob as óticas da vitimologia e da criminologia feminista. Revista Jurídica Luso-Brasileira, Lisboa, v. 2, n. 4, p. 771-799, 2016. Disponível em: https://www.cidp.pt/revistas/rjlb/2016/4/2016_04_0771_0799.pdf. Acesso em: 10 mar 2024.

BIALECK, Thaís; LACAVA, Luiza Veronese. Prevenção aos processos de vitimização no cenário bélico internacional: a imunidade das forças de paz das Nações Unidas e o caso de Srebrenica. In: SAAD-DINIZ, Eduardo (Org.). O lugar da vítima nas ciências criminais - São Paulo: LiberArs, 2017. P. 383 – 397.

CONVENÇÃO INTERAMERICANA para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher - Convenção de Belém do Pará, 1994. Disponível em: http://www.pge.sp.gov.br/ centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/belem.htm. Acesso em: 05 mar. 2024.

COUTO, Maria Claudia Girotto do. Lei Maria da Penha e Princípio da Subsidiaridade: diálogo entre um direito penal mínimo e as demandas de proteção contra violência de gênero no brasil. 2016. 152 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Direito, Departamento de Direito Penal, Medicina Forense e Criminologia, Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2136/tde18112016- 163414/publico/MariaClaudiaGirottodoCouto_LeiMariadaPenhaePrincipiodaSubsidiariedade. pdf. Acesso em: 11 mar. 2024.

FALCAI, Maria Fernanda; MARIN, Gustavo de Carvalho. Lei Maria da Penha: análise a partir da vitimologia crítica de orientação feminista brasileira. Revista de Iniciação Científica e Extensão da Faculdade de Direito de Franca, [S.L.], v. 3, n. 1, p. 535-553, 5 maio de 2020. Faculdade de Direita de Franca. http://dx.doi.org/10.21207/2675-0104.2018.780.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil - 3a edição. Datafolha Instituto de Pesquisas, 2021. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/06/relatorio-visivel-einvisivel-3ed-2021- v3.pdf. Acesso em: 11 mar. 2024.

GONÇALVES, Vanessa Chiari. Violência contra a mulher: contribuições da vitimologia. Sistema Penal & Violência, [S.L.], v. 8, n. 1, p. 38, 25 jun. 2016. EDIPUCRS. http://dx.doi.org/10.15448/2177-6784.2016.1.23712. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/sistemapenaleviolencia/article/view/23712. Acesso em: 11 mar. 2024.

INSTITUTO MARIA DA PENHA. HomePage. Fortaleza: IMP, 2018. Disponível em: https://www.institutomariadapenha.org.br/violencia-domestica/ciclo-da-violencia.html Acesso em: 11 mar. 2024.

JORGE, Alline Pedra. Em busca da satisfação dos interesses da vítima penal. 2002. 165 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Direito, Centro de Ciências Jurídicas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2002. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/4466. Acesso em: 10 mar. 2024.

MAZZUTTI, Vanessa de Biassio. Vitimologia e Direitos Humanos: o processo penal sob a perspectiva da vítima. 2012. 139 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Direito, Universidade Estadual do Norte do Paraná, Jacarezinho, 2012.

MENDES, Soraia da Rosa. Criminologia Feminista: novos paradigmas. Saraiva Jur. 1ª edição. 2017.

MENDES, Soraia da Rosa. Processo penal feminista. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2020.

MOTA, Indaiá Lima. Breves linhas sobre vitimologia, redescobrimento da vítima e suas várias faces: algumas questões relevantes. Revista Jurídica da Presidência. Brasília v. 13 n. 101 out. 2011/jan. 2012 p. 629 a 655.

OEA. Organização dos Estados Americanos. Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a violência contra a mulher - Convenção de Belém do Pará. 1994. Disponível em http://www.cidh.org/Basicos/Portugues/m.Belem.do.Para.htm. Acesso em 11 mar 2024.

PENHA, Instituto Maria da. Quem é Maria da Penha. Disponível em: https://www.institutomariadapenha.org.br/quem-e-maria-da-penha.html. Acesso em: 05 Mar 2024.

SALES, Luana Barbosa Sanches. O ciclo de violência doméstica e as medidas protetivas de urgência nas agressões sofridas por mulheres em relacionamentos íntimos. 2018. 75 f. TCC (Graduação) - Curso de Direito, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/30088/1/Luana%20Barbosa%20Sanches%20Sales.pdf. Acesso em: 10 mar. 2024.

SCARANCE FERNANDES, Valéria Diez. Lei Maria da Penha: o processo penal no caminho da efetividade. 2013. 292 f. Tese (Doutorado) - Curso de Direito, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2013.

VIDIGAL, Laís Soares. Uma perspectiva feminista na Criminologia: mulheres como agentes e vítimas de crimes. 2020. 131 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Direito, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2020. Disponível em: https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/92681/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20La%C3 %ADs%20Soares%20Vidigal%20Vers%C3%A3o%20Final.pdf. Acesso em: 11 mar. 2024.

WALKER, Lenore. A mulher agredida. New York: Harper and How, 1979.

Publicado

2023-10-30

Cómo citar

Aguiar Silva, V., & Gonçalves Saliba, M. . (2023). Violência Doméstica e Vitimologia: Análise do ciclo de violência à luz das questões de gênero . Revista Juris UniToledo, 8(1), 1–25. Recuperado a partir de https://wyden.periodicoscientificos.com.br/index.php/jurisunitoledo/article/view/369

Número

Sección

Artigos